Tendências tecnológicas

O ano que termina tem sido prolífico na materialização ou maturidade de algumas tendências tecnológicas que delimitarão os próximos anos, como a computação quântica, o Edge computing, os desenvolvimentos em cibersegurança, os serviços Low Code, ou a Experiência Total (TX). Com tudo, poderíamos destacar alguns outros traços especialmente relevantes:

• O criptoinverno. A queda na cotação das duas principais criptomoedas (BTC e ETH), provocada inicialmente pela crise das stablecoins, mantida pelo atual ambiente de altas taxas de juros e agravada pelos problemas de alguns operadores do mundo cripto, colocou em questão muitos projetos (e investimentos) que têm a tecnologia blockchain como protagonista.
• O metaverso. Apesar disso, as apostas pelo universo virtual despedirão 2022 e saudarão 2023 com força, embora a maioria dos atores que o estão impulsionando reconheçam que deverão reajustar muitas de suas propostas e expectativas de negócio. Embora - em um contexto geral de certa desconfiança dos investidores - já tenham ocorrido os primeiros despedimentos massivos do mundo virtual (lembremos o caso da Meta), esta maquinaria não só não parará, como também refinará muito mais seus componentes experienciais para multiplicar a afluência de usuários ao seu mundo.
• As redes 5G. Com mais lentidão e problemas do que se poderia esperar, essas redes móveis de alta velocidade foram se consolidando em 2022 em nosso país e, com elas, sua promessa de contribuir definitivamente para os novos sistemas de mobilidade autônoma, aperfeiçoar as infraestruturas e serviços apoiados em IoT ou multiplicar a disponibilidade de dados em tempo real.
• A inteligência artificial. Não há melhor exemplo do que o fenômeno ChatGPT, do qual todo mundo está falando, para destacar a popularização da inteligência artificial como um dos aspectos que marcaram o ano. Apesar de que o autômato criado pela OpenAI é – por enquanto – algo mais espetacular do que inteligente, já é uma amostra evidente (e popularmente palpável) de que os sistemas de aprendizado e de processamento de linguagem natural estão reivindicando um lugar cada vez mais cotidiano na otimização de todo tipo de processos e, singularmente, na naturalização da relação empresa - consumidor.
• A sustentabilidade. O crescimento tecnológico sustentável tem marcado nos últimos meses uma importante mudança nos modelos de negócios e estratégias de marketing, e os fornecedores e consumidores de serviços tecnológicos não foram uma exceção. A redução da pegada de CO2 (com as tecnologias limpas e a migração para a nuvem como grandes facilitadores) será uma das grandes constantes na evolução tecnológica presente e futura.
• A escassez de talento. A falta de profissionais qualificados para estruturar as grandes apostas tecnológicas está se tornando um problema endêmico - especialmente em nosso país - de modo que este fato já é percebido como uma das principais ameaças para a sobrevivência de muitos negócios no setor de TI.

2023 não vai variar significativamente essas tendências. Pelo contrário, no próximo ano continuaremos vendo como essas propostas tecnológicas emergentes olham mais para o indivíduo como o centro, e não apenas como um fornecedor ou consumidor de informação.

Neste contexto, é preciso destacar como as tecnologias de confiança baseadas em Blockchain se estenderão a mais âmbitos - apesar dos sobressaltos, medos e desilusões de 2022 -, com casos de uso mais visíveis para a sociedade (destacando um dos que necessariamente vão explodir a partir do próximo ano, como é o da identidade autossoberana e os serviços interoperáveis de credencial digital), ou como as plataformas de IA vão passar crescentemente pelo filtro da ética cidadã e a gestão dos riscos derivados de seu uso, no marco do fomento e regulação dos direitos digitais.